Conhecimento foi apresentado no último dia do curso “Ações de Controle em Hanseníase”, realizado pela Fesp
As práticas de atendimento ao paciente com hanseníase foi o assunto abordado durante o encerramento do curso “Ações de Controle em Hanseníase”, na manhã desta quinta-feira, 17, no auditório do Instituto Vinte de Maio (IVM), sede da Fundação Escola de Saúde Pública de Palmas (Fesp), idealizadora da ação, em parceria com a Secretaria da Saúde (Semus).
A fisioterapeuta do Ambulatório Municipal de Atenção à Saúde Dr. Eduardo Medrado (Amas), Flávia Medina, apresentou alternativas de acolhimento e tratamento de pacientes. "A pessoa com hanseníase não pode ter nenhum tipo de infecção que possa servir de gatilho para agravamento da doença, por isso, além da avaliação dermato-neurológica é imprescindível também uma avaliação odontológica e, para as mulheres, ginecológica", recomendou a preceptora, destacando ainda o quanto é importante a emissão de laudo médico para perícia no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), caso o paciente precise.
Além da consulta inicial com médico e agente de saúde da Unidade de Saúde da Família (USF) de referência do paciente, é preciso outros acompanhamentos de acordo com a especificidade de cada caso apresentado, como o fisioterápico e psicológico.
Flávia explica que nem todos os pacientes precisam de fisioterapia individualizada, por exemplo. “Pacientes diagnosticados no início da doença que não têm sua força e tônus muscular comprometidos podem participar apenas dos grupos de autocuidados específicos, dentre eles o de fisioterapia, onde são ensinados exercícios genéricos. O atendimento individualizado é indicado àqueles que apresentam quadro mais avançado como os que desenvolvem neurite periférica [condição que causa lesões inflamatórias ou degenerativas dos nervos]”, esclareceu.
Diagnóstico e tratamento
A rede municipal da saúde de Palmas oferece atendimento para portadores de hanseníase desde o diagnóstico até tratamentos com medicação e orientações na fase após o controle e cura da doença em todas as 34 Unidades de Saúde da Família, dentre elas a da Arno 44 (409 Norte), onde a residente em medicina de Família e Comunidade, participante da capacitação, Marina Vieira, atua. “A capacitação foi muito rica e já trouxe os conhecimentos adquiridos aqui para dentro do consultório onde consegui identificar, somente nesta semana, dois casos suspeitos que provavelmente será hanseníase. Isso foi possível graças ao curso que muda o nosso olhar, que anteriormente era mais superficial”, enfatizou Marina.
O curso
Voltado para os profissionais da Rede Municipal de Saúde da Capital, o curso teve início no dia 10 deste mês, e visa qualificar ainda mais estes servidores, principalmente no diagnóstico da doença. “Essa é a última turma do primeiro semestre de 2021. Novas turmas estão previstas para o próximo semestre, sendo a primeira, no início de agosto”, afirmou o coordenador Técnico da Hanseníase e Tuberculose de Palmas, o fisioterapeuta Pedro Paulo dos Santos Oliveira.
O curso faz parte do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva da Fesp, em parceria com a Secretaria da Saúde (Semus) e conta com especialistas da Rede Municipal de Saúde como a médica hansenóloga, Seyna Ueno Rabelo; fisioterapeuta Flávia Medina e outros.
A segunda parte da capacitação foi ministrada pelos residentes Aldair Martins (enfermagem), Bruna Alencar (odontologia), e Thallyne Alves (fisioterapia). “Uma das partes do programa de residência é a educação em si, já que o objetivo é prepará-los não apenas para a atuação profissional, mas capacitá-los para se tornarem profissionais multiplicadores”, finalizou Flávia.
Hanseníase
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica que pode provocar lesões na pele e danos nos nervos, causada pela bactéria Mycobatcerium leprae. Os sintomas são manchas claras ou avermelhadas na pele, com diminuição da sensibilidade, dormência e sensação de fraqueza nas mãos e nos pés.
A patologia era conhecida historicamente como Mal de Hansen ou lepra e até os dias de hoje ainda é considerada uma doença estigmatizada, sobretudo por causa da desinformação quanto às formas de contágio e devido às deformações que o estágio avançado pode causar em membros do corpo.
Por Redação Fesp
17/06/2021