Acolhimento, respeito e empatia. Esse foi o mote ditado ao longo do curso de 'Emergências Psiquiátricas' encerrado nessa segunda-feira, 8, no auditório do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Este pilar é ainda mais reforçado quando se trata de paciente com intento suicida, tema do último módulo. O treinamento é uma iniciativa do Núcleo de Educação em Urgência (NEU) do Samu, em parceria com a Fundação Escola de Saúde Pública de Palmas (Fesp), que formou 17 trabalhadores do Samu e já possui previsão de novas turmas para o mês de junho.
O médico socorrista do Samu, Túlio Duarte, responsável por ministrar o treinamento explicou que nestes casos a equipe precisa estar melhor preparada do que para atendimentos a traumas comuns, por exemplo. “O atendimento de contenção a este paciente [com intento suicida] tem um nível de desgaste mental e emocional muito alto, diferente de uma reanimação cardiorrespiratória por exemplo, onde o esforço é mais físico. Por isso exige atenção, não apenas do socorrista negociador, mas o segundo intervencionista também tem papel fundamental na abordagem de contenção. Ele age como um fiscal no cenário e dá apoio ao primeiro que está em papel de atendimento primário na negociação, dando suporte nas diretrizes que por vezes, por conta deste desgaste, o negociador pode deixar passar”, explicou.
Durante o treinamento foram abordados os diferentes tipos de pacientes, vítima depressiva e vítima psicótica; fatores, causas e tipos de prevenção da violência autoprovocada; técnicas de abordagem e estratégias de contenção. Outra questão pontuada foi a forma como se fala sobre o assunto. “A gente não deve não falar, mas a forma com que se fala deve ser cautelosa porque ela pode levar a pessoa a procurar ajuda ou facilitar o processo de auto violência, como por exemplo a disseminação de vídeos amadores em redes sociais. Precisamos fazer esta reflexão de como abordar o assunto”, pontuou o médico, reforçando o Art. 122 do Código Penal, que trata da punição para quem induz, instiga ou auxilia o suicídio.
No período da tarde, a capacitação foi conduzida pela psicóloga residente em Saúde Mental pela Fesp que atua no Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas (CAPS AD III), Amanda Rayra, que ministrou palestra sobre as 'Influências das redes sociais no suicídio'. “Alguns conteúdos podem sim potencializar, influenciar e levar a esse comportamento, ao intento suicida. Assim como, por outro lado, temos conteúdo de acolhimento como o Centro de Valorização da Vida”, disse Amanda reforçando o CVV - Ligue 188.
Técnicas de alívio da dor
Sobre o curso e futuras turmas
O curso teve início em abril e atendeu somente profissionais do Samu. De acordo com a organização, a capacitação será ampliada e novas turmas estão previstas a partir de junho, já com a participação de profissionais das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPSs). O treinamento é composto por duas etapas, sendo: Módulo I: ‘Abordagem inicial ao paciente psiquiátrico' e Módulo II: ‘Abordagem ao paciente com intento suicida’.
“O curso é extremamente importante porque a gente tem que saber lidar com esse tipo de paciente, tem que estar preparado, pois é quase 50% das nossas saídas. A gente vai em muito caso de paciente psiquiátrico, de todas as idades, de todos os jeitos de surto psicótico. Enfim, é uma ocorrência de abordagem peculiar em que a gente tem que ter olhar empático, onde temos que ter uma abordagem assertiva”, destacou a enfermeira socorrista do Samu que participou da capacitação, Franciane Fernandes.
Por Redação Fesp
09/05/2023